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Rito para trabalhar a Magia Sexual

Napaykuna!

Na Tradição Iniciática Nativa Andina, os Xamãs são considerados cientistas de Pachamama, a Grande Mãe Cósmica. Eles observam o mundo como funciona e se desenvolve. No decorrer de eras eles perceberam o tremendo poder contido no sexo e também que havia como fazer uso desse poder na magia xamânica. Perceberam que podiam usar a energia sexual para ampliar sua percepção, fortalecer seus corpos e ainda criar outros corpos. Portanto para nós dessa tradição andina, a magia sexual é o uso consciente do poder contido na sexualidade para fins mágicos e não o uso dos simbolismos mágicos para “excitar” a imaginação sexual.

Jamais um xamanista vai fazer sexo com um deus como faz com um ser humano. Isto é um equívoco sério na magia sexual, tal como imaginar a divindade como algum gostoso ou gostosa. A ideia é completamente outra. É alimentar a divindade e em troca dela receber algo.

Magia Xamânica Sexual não é sexo com adereços. Aqui o enfoque é outro. Podemos dizer que a Magia Sexual é o trabalho consciente e focado que faz uso da sexualidade mas não é isso apenas. Não nos interpretem mal, pois não estamos diminuindo o valor do sexo, apenas abordamos o tema dentro da ótica mais adequada para evitar confusão.

Na masturbação mágica não imaginamos uma Deusa, por exemplo, pelada saindo de uma lagoa. Isto nos colocaria num nível meramente instintivo o que não é o nosso objetivo. Na masturbação mágica o objetivo é ativar, acordar a energia sexual mas ter a mente focada em imagens de imantação mágica, de fortalecimento da própria energia ou do objetivo do trabalho realizado. Infelizmente alguns indivíduos que se dizem adeptos da magia sexual tem na realidade uma aproximação muito equivocada, assim temos observado. Vemos pessoas que tem uma sexualidade intensa e que gostam de sexo. Se não fossem magistas iam gostar de acessórios, daquelas transas orgiescas e de relações loucas. Mas como têm a ideia que mexem com magia e a transformam no cenário de suas práticas mentais, de sexo mental, fantasioso, onde estão apenas buscando a satisfação sexual usando a magia como desculpa. Deixamos claro, que não temos nada contra orgias dionisíacas, e nem que cada um faça sexo como, quando, com quem ou quantos desejar. A energia sexual livre, sem repressões e encucações já é mágica, e provoca efeitos fantásticos no ser Terra.

Mas Magia Sexual é outro momento. É o trabalho consciente, focado, disciplinado e visando resultados. Existem ritos xamânicos nos Andes, onde os iniciados se masturbam ao lado de uma árvore. Cada um fica um tempo imenso primeiro se harmonizando com esse Ser, há todo um trabalho anterior a esse momento, danças, ritos de fogueira, depois ao sinal de quem está dirigindo a cerimônia começa o rito. O objetivo é durante o processo sentir-se em harmonia com a árvore, ativar o centro instintivo ao máximo, sem nenhuma imagem erótica de deusas tesudas e/ou deuses, apenas manter a mente aberta e usar o pensamento para visualizar a energia percorrendo o corpo dentro de certo sentido, passando pelos órgãos e centros vitais. É uma visualização de energia pura percorrendo nosso corpo. Num certo momento sentimos que a nossa energia se fundiu com a da árvore e o corpo recebe então uma energia extra. Enquanto nos masturbamos o sangue está passando pelo pênis ou vagina. Antes do rito trabalhamos para que a mão esquerda fique plena de uma polaridade e a direita de outra, durante o ato alternamos as mãos e visualizamos a energia correndo todo o corpo. Num certo momento nossos pés viram raízes como a árvore e o espirito da dela cria mobilidade. Nessa hora a fusão de energias. Então passamos a sentir a energia feminina da Terra. Não há como descrever isto, mas é um orgasmo diferente, sem nenhuma fantasia erótica, sem nenhuma imagem a não ser as visualizações de energia. Dependendo da natureza de cada um, alguns ejaculam através da respiração e do relaxamento dos canais. Este rito é feito tradicionalmente no amanhecer do equinócio de Primavera, mas outras tradições o realizam nas noites de Lua Cheia. Após esse rito sentimos nossa energia num grau de plenitude indescritível. No caso da Tradição Iniciática Nativa Andina, ele é realizado no equinócio de Primavera simbolizando o semear a Terra que dará os seus frutos de seis a sete meses depois. É exatamente no início da Primavera que os povos originários andinos plantam o milho e outros frutos, pois é nessa estação que a chuva rega a terra. Pelos povos andinos serem considerados nas suas tradições como Filhos do Sol, ao se masturbarem e oferecer seu gozo a Terra, eles acreditam estar semeando a Pachamama com a Semente do Pai Sol (Inti) independentemente se é um homem ou uma mulher que o está fazendo.

Este rito dá uma pálida ideia do que falamos quando dizemos que magia sexual não é apenas uma forma diferente de fazer sexo. É na verdade o uso consciente da energia sexual que temos em nós, que em si é prazeirosa e agradável, mas que pode ser usada para objetivos mágicos muito amplos; entre eles estabelecer relações de troca com seres de outros planos e criar um corpo de energia plena… mas isso é outra história.

Munay