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O Grande Círculo do Arco-Íris

“Quando o rio e o ar estiverem sujos, quando o ser humano houver se perdido completamente da linha da vida, quando os animais estiverem ameaçados, as ancestrais árvores cruelmente abatidas, quando a doença e a tristeza estiverem dizimando o povo vermelho, virá uma nova nação, uma nova tribo.

Serão em grande número, surgirão de onde não se espera. Virão em muitas montarias, sua magia diferente, terão artes que desafiarão a compreensão. Serão de muitas cores, por isto essa Tribo será conhecida como Tribo do Arco-Íris, eles virão quando o fim parecer certo, eles virão e curarão a Terra.”

Profecia do Arco-Íris

Lembro-me daquele dia, quando o vento da primavera tocava os meus cabelos suavemente como se fosse a mulher amada acariciando-os. Havia acabado de acender a pequena fogueira que iria ser minha companheira durante toda noite. Enquanto fumava meu cachimbo com sálvia e alecrim, eu não tirava os olhos do Fogo. Já era noite alta quando a Lua surgiu no horizonte, o bojo do meu cachimbo já encontrava-se frio, mas o Irmão Fogo crepitava vibrantemente trazendo calor ao meu Ser. Já fazia algum tempo que eu não ouvia os sons dos grilos e de outras criaturas da noite, fora o crepitar do Fogo eu diria que o mundo havia parado naquele instante, tamanho o silêncio que eu vivenciava. Olhando o Irmão Fogo, eu via os galhos que eu havia recolhido por toda à tarde, queimarem lentamente.

Enquanto o Fogo dançava perante os meus olhos, senti uma pequena explosão de estrelas girando a minha frente. Eu estava reunido com outros irmãos num grande círculo em volta de uma outra fogueira. As estrelas continuavam dançando a nossa volta e vi que eu pertencia ao Círculo de Fiéis das Estrelas, os Guerreiros do Arco-íris. Talvez alguns de vocês se lembrem. O local do nosso encontro não foi na superfície da Mãe Terra, mas estávamos reunidos em Sirius. Daquele local, podíamos ver, abaixo de nós, a rotação da Terra, os oceanos, as ilhas e os continentes. O Grande Espírito nos havia chamado para nos concientizar da tarefa sagrada que nos seria dada naquele momento.

Muitos entre nós não estávamos projetando identidades sobre a Terra. Não conseguíamos compreender porque este mundo se encontrava na Segunda Grande Guerra. Se conhecêssemos essa abordagem extremista para sacudir os alicerces dos humanos, não teríamos aprovado aquela estratégia, que no nosso modo de ver se fazia desnecessária.

Éramos espíritos com uma boa experiência em conseguir a colaboração de nossos corpos humanos, de nossas mentes, de nossos corações, quando nos vestíamos com o invólucro humano. Devido a isso, muito de nós havia andado pela Mãe Terra já há algum tempo. Esse tempo representava para alguns, séculos ou milênios. Uma pequena minoria de nós haviam auxiliado a guiar a grande família humana nos momentos mais críticos da mesma.

Os convocados para aquela reunião estavam prontos para reencarnar. Fomos alertados sobre o significado inusitado daquela ocasião quando, de repente cruzando a face do sol, percebemos o semblante da Mãe Universal; e, de fato, quando começou a transferência de pensamento, foi ela quem falou, ela cujo corpo são as galáxias. Sua luz concentrada quase cegava nossos olhos tamanha a intensidade. Sabíamos que essa presença era a fonte da qual tirávamos todo o nosso ser. Mas, testemunhar a materialização tão nítida dessa presença era diferente daquilo a que estávamos acostumados, tanto quanto é diferente a luz do sol como a da lua.

Na comunicação que se seguiu, as três manifestações do Grande Espírito – solar, universal e eterna – fluíam dentro e fora uma da outra, fundindo-se, complentando-se, tecendo as cores da sua totalidade. O Criador falou pelas três manifestações, dando-nos instruções específicas:

“Vocês estão sendo convidados, para encarnar num mundo onde prevalece a ilusão nas mentes e corações daqueles que lá habitam. Aqueles que aceitarem esse convite encontrar-se-ão breve nos últimos dias da infância da espécie humana, numa situação onde as correntes do medo têm dominado sua experiência de separação. Numerei os dias desse estado de coisas que em breve hão de terminar. Estebeleci as forças externas que separarão o medo do amor na consciência humana, banindo um e redimindo o outro.”

“Convido-os para serem meus agentes nessa cultura do medo no intuito de que façam por dentro o que puderem a fim de complementar as mudanças que estou trazendo de fora. Pois sei que haverá medrosos cujos corpos físicos não sobreviverão à separação entre o amor e o medo, mas sei também que não há razão, nenhuma boa razão, para que o ser humano desencarne durante esta separação.”

“Chamei-os aqui porque vocês, em tempos passados deram provas de que podem, em alto grau, manter seus corpos, mentes e corações em harmonia com seus corpos luminosos. Deixo para vocês o convite para encarnar nessas tribos que habitam a terra. Não lhes pedi isso antes, porque eventos históricos anteriores as condições na terra não favoreciam tanto a disseminação da nossa consciência. Mas o despertar da consciência humana já se iniciou. A presença de vocês contribuiria muito para minimizar o possível trauma que pode ocorrer na mudança da era.”

“O papel de vocês, será preparar as pessoas para o momento em que as mentiras, que faziam nascer todo pensamento que gira em torno do medo, serão banidas para sempre da consciência humana. Embora pareça estranho para vocês, se as populações humanas não forem preparadas, será muito mais difícil para elas sobreviver à separação, tão entrelaçados estão os pensamentos que causam medo, não só pela maneira de pensar, mas também pelo que revelam de si mesmos. Temos de ajudar que se descontraiam e parem de se definir a si mesmos como entidades vulneráveis.”

Foi-nos dito que para efetivamente conseguirmos isto deveríamos encarnar, não em locais protegidos, como nos tempos antigos, mas nas mais medrosas entre as famílias de dirigentes do planeta. Isso garantiria nossa colocação estratégica entre os elementos da humanidade que seriam de fato os mais resistentes ao poder da educação.

O Criador teve o cuidado de esclarecer que estávamos abrindo mão de nossos vínculos familiares tradicionais para encarnar dessa maneira, e que seria possível, ao acordar, nos encontrarmos em ambiente sem apoio e com vibrações estranhas. Foi enfatizado que não seriamos obrigados a aceitar esse cargo e que nosso papel era inteiramente voluntário. Mesmo que aceitássemos, não haveria garantia de que teríamos sucesso em eliminar totalmente o trauma da transição, mas haveria a chance de que mais pessoas poderiam atravessar a separação final com os sentidos intactos. Para nos alertar acerca dessa oportunidade, nossa Tribo havia sido convocada para se reunir nos céus estrelados de Sirius.

Fomos alertados sobre perigos que provavelmente encontraríamos num mundo controlado pelas organizações inspiradas no medo.

“O verdadeiro poder está no amor que se fortalecerá a cada dia durante o ciclo vindouro. Nossa estratégia agora é permitir que as organizações baseadas no medo continuem dominando na aparência, enquanto drenamos sutilmente a fonte de seu poder, o medo. Isto tornará seu banimento final menos traumático para a família humana em geral, pois até lá o número do que acreditam neles terá diminuído grandemente.”

Nos foi lembrado então das muitas etapas da lógica do medo de que nós mesmos nos havíamos livrado durante andanças anteriores pela terra. Solicitaram-nos que levássemos quem éramos e o que sabíamos e encarnássemos entre as nações do século XX. Nossa missão era manter a nossa inocência nos confrontos que deveríamos ter com todas as formas conhecidas de organização humana. Foi-nos garantido que o momentum da era estava a nosso favor.

“Vocês fazem isso não apenas em favor da sua própria espécie, mas para vocês mesmos e para todos os que sua raça influenciará nos tempos vindouros. Apesar de muito estarem encarnados em meios a características da humanidade há muito mantidos separados de seus próprios reinos de experiência, não obstante, vocês estão vinculados às tribos guerreiras por elas forjados pelos seus próprios pensamentos em eras passadas, elos que puseram de lado apenas temporariamente, mas isso vocês sabiam desde o início.”

O Círculo de Fiéis das Estrelas, os Guerreiros do Arco-Íris foi convidado a encarnar em massa como uma geração global única. Não era necessário sermos vermelhos por fora, seriamos amarelos, brancos, negros e vermelhos, mas teríamos por dentro a cor vermelha dos verdadeiros Ancestrais.

Para que a transição fosse mais fácil possível para os que estão na terra, concordamos. Nosso propósito foi, e tem sido sempre, preparar o caminho para o Quinto Mundo até chegarmos ao Sétimo Mundo, culminando no despertar do criador e para dissolver, no grande amor que temos por este planeta abençoado, as estruturas do medo que agrilhoam a consciência humana.

Entraríamos em formas humanas, alguns para encarnar na próxima onda de filhos, e outros nos filhos de seus filhos. Faríamos o que fosse possível para ajudar na orientação pacífica do mundo rumo aquele momento no tempo em que o Criador despertaria no interior da família humana e começaria a dirigi-la como um organismo único.

“O perigo para vocês que irão encarnar nas dinastias do medo desses tempos, é essas estruturas e as energias que elas incorporam são tão profundamente subconscientes que, à medida que vocês nascem e são criados entre elas, é possível que esqueçam o propósito para o qual estão encarnados. À medida que a geração de vocês chegar a maturidade, dar-lhes-ei um assistência especial para ajuda-los a se recordar.”

Foram então gravadas na estrutura de nossos corpos emocionais, canções sem palavras, dispersas no tempo, que nos ajudariam a despertar mesmo quando a compreensão consciente não estivesse presente. Alguns de nós foram encarregados de cuidar da música e receberam o encargo de introduzir melodias de ativação.

Essas melodias começaram a ser entregues na década de 1960 através de canções que vibravam com mensagens emocionais de amor, de esperança e de alegria. Através da música, muitos dos que dormiam começaram a se mexer. Os primeiros raios da alvorada foram ouvidos no rádio antes que eles suspeitassem que havia um céu para se contemplar.

Não obstante, nosso despertar não é completo até que o que encontrou uma forma emocional encontre também uma forma conceitual. O que sabemos em nossos corações requer como complemento a compreensão consciente para que se aborde efetivamente a cura que está ao nosso alcance. Temos que aceitar a missão de refazer o nosso mundo a imagem do amor.

Nós os Guerreiros do Arco-Íris viemos nesta era, tanto tempo depois da remoção dos senhores feudais e conquistadores, surpreende-nos ainda encontrar remanescências dos antigos processos atraindo a atenção humana. Certamente, aqueles senhores feudais foram bem sucedidos ao transformar os povos da terra em vassalos. Parece que os humanos foram treinados tanto tempo na subserviência que agora se sentem inseguros para tomar sua própria iniciativa. Eles continuam facilmente seguindo as sombras dos caminhos dos conquistadores, mesmo quando essas sombras estão incompletas, obrigando-os a criar caminhos semelhantes só para manter o hábito.

O desafio que temos de enfrentar é despertar de novo e nos juntarmos a outros para, pelo nosso exemplo, mostrar a beleza e o poder de novos caminhos. Podemos deixar para trás a etapa do anoitecer que deu lugar à imaginação sonolenta que liga esse despertar a algum guru ou a alguma organização humana, não importa quão linda ou esclarecida ela seja. Somos chamados para nos organizar neste tempo, não em torno de sistemas de líderes, de ideologias ou crenças, mas em torno do amor: amor ao Grande Espírito, do amor ao semelhante e do amor a nossa Mãe Terra.

Alguns de vocês estavam lá comigo, lembrem-se da nossa reunião. É agora o momento de encarnar, de empreender a cura e o trabalho educativo para o qual viemos. Fomos semeados por todos os continentes do mundo. Ouvimos a mesma música no caminho para o trabalho em São Paulo, em Los Angeles, Londres ou em Toronto. Temos a mesma visão de paz e desarmamento quando olhamos as crianças brincando nas ruas de Milão, Cusco, Sidney ou de Tel-Aviv. Sonhamos os mesmo sonhos ao anoitecer em Brasília, em Moscou ou no Cairo. Testemunhamos juntos no mesmo momento em que ocorrem acontecimentos transmitidos pelos meios de telecomunicações. Abrimos nossos olhos nos desertos, nas montanhas, nos cerrados, nas selvas e nas cidades e vilas de cada nação.

Somos o povo de hoje. E hoje não há ninguém, senão nós mesmos, para determinar o que devemos fazer. A história se repete, como qualquer hábito o faz. E nenhum hábito, não importa quão profundamente enraizado, poderá se reinstaurar onde a consciência, a honestidade e a livre determinação caracterizam os afazeres humanos. Embora nossa geração se oferecesse como voluntária para facilitar a transição que estar por vir, a tarefa não é exclusivamente nossa. Muitos ajudaram. Muitos estão ajudando. Todos são convidados a contribuir com seus talentos e com sua ingenuidade. Não há conflitos de interesse. Há simplesmente, uma nova percepção e um sentido de que chegou a hora do progresso das eras.

Chegamos nesta época para acalmar as águas da turbulência emocional humana. Permitimos até agora que as águas rodopiassem para ajudar os egos em suas aprendizagenm. Mas o Criador determinou um fim para a história. E nós somos os meios pelos quais haverá calmaria. Onde estivermos, a água se acalmará. Caminhamos sobre a água cantando. Água pura, um coração humano amando. Água clara, os olhos do Criador que tudo vêem.

Colocando-nos acima de mares revoltos da ilusão que nos foi imposta, vemos a luz radiante de dez mil outros seres como nós. Seres de luz. Seres Alados. Os Ongwhehonwhe, regressando. O amor deles para com essas irmãs e irmãos de outrora explode em nossos corações. Raio de luz brilhante disparam entre nós. Dez mil pontes de luz unem os corações. E sob cada ponte luminosa, a luz cai risonha sobre mares revoltos. Também essas águas são acalmadas, águas que ficam debaixo das pontes.

Emergindo dos mares turbulentos, outros mais surgem para se juntarem a vocês. Deixam para trás suas reivindicações mesquinhas sobre este, aquele ou outro momento qualquer. Num momento maior, eles se fundem conosco; um momento magnífico. Eles sentem a rede de luz que envolve o planeta. Tornan-se parte dela. Despertam na energia dos filhos da luz. Ao nosso lado testemunham o trabalho de equipe e colaboração dos povos reais. Eles vêem olham para o sol e conseguem visualizar o Cachorro do Sol. Nós vemos, afinal somos todos irmãos.

Meus olhos continuam olhando as últimas chamas do Irmão Fogo dançando, quando os primeiros raios de Sol atingem meu corpo nu banhando-me com sua energia. Sinto que algo está tocando esta Terra, algo que vem das estrelas. Algo está aterrisando nas águas calmas dos corações que confiam no Grande Espírito, falando aos corações das pessoas que amam.

Cada onda de tempo que se quebra traz outro momento, outra abertura, outra passagem, convidando os filhos da Mãe Terra que despertam a sentir o farfalhar do espírito na consciência, a sentir o toque das Águias-Xamãs, a deixar acalmar as águas de seus corações e a viver cada momento com mais honestidade, carinho e compaixão como jamais sentiram. É assim que o equilíbrio do Arco Sagrado será restaurado. Existe uma influência irradiando dos continentes americanos, aquecendo as sementes do potencial humano como a luz do sol aquece os jardins na primavera: uma consciência ancestral que toca a todos os que habitam essas terras, apoiando todos nossos passos rumo à liberdade e ao amor. Apesar dos esforços dos conquistadores, a consciência nativa das Américas brinca nos balanços de nossos parques, voa nas nossas pipas sobre as cidades, marca o ritmo de nossas músicas, pulsa no coração de cada um de nós os Guerreiros do Arco-Íris.

Dã Nãho! Wi:Hyo:H!

Wagner Frota, “Jaguar Dourado”

Xamanista e Membro-fundador do Clã Lobos do Cerrado