Mensagens

Início » Crença Kahuna sobre as enfermidas

Crença Kahuna sobre as enfermidas

Aloha!

Para os kahunas (xamãs havaianos) a doença não é causada por bactérias, vírus ou agentes carcinogênicos, mas sim por um estresse resultante de conflitos de pensamentos e energia emocional. Conforme esta visão, as epidemias são causadas por reações individuais à telepatia social, e não pela disseminação de infecções originárias de fatores externos. Os kahunas não querem dizer com isto que germes e micróbios não existem, mas que eles são apenas catalisadores ou subprodutos da doença e não sua causa. Se não houvesse medo ou tensão indevida nos indivíduos, não haveria doença, mesmo com a presença de vírus associados a ela.

A crença kahuna que de que a enfermidade de tensão é verificada no nas raízes do termo Huna (nome dado ao conhecimento ancestral dos kahunas) para tratamento médico ou remédio, la’au lapa’au. Este termo indica nitidamente que a função do medicamento é estimular um excitamento de fluxo energético no corpo que ajudará a dissolver a doença instigada pelo estresse. Além de elementos químicos e ervas, os kahunas incluem parte plantas, de peixes e outros animais, cujo os nomes, natureza e aparência simbolizam características de cura. Luzes coloridas, roupas e objetos também são usados por causa dos seus efeitos fisiológicos e psicológicos. Além desses efeitos psicológicos sobre o subconsciente, os kahunas sabem dos efeitos físicos de certos ingredientes, mas somente por sua influência estimulante de energia e relaxante muscular, e não pela capacidade deles atacarem qualquer coisa que tenha invadido o corpo, pois tal conceito é apenas o produto de uma sociedade com crenças temerosas sobre a realidade.

Outra forma de “medicamento” geralmente usada e apreciada pelos kahunas é a água pura, infundida com mana (força vital) e suas formas-pensamento. Tipicamente, um kahuna faz isso focando mana que sai de suas mãos ou hálito na água, ao mesmo tempo em que se concentra numa imagem de cura. Obviamente, o efeito é maior quando se diz ao paciente o que a água vai fazer por ele, e funciona melhor quando a água está “energizada” do que quando não está, mesmo que o paciente não tenha testemunhado o processo de energização. Para os ocidentais isso seria encarado como um placebo, porém uma série de estudiosos de parapsicologia já comprovam que funciona.

Neste caso acima, geralmente um kahuna segura uma garrafa de água entre as mãos por algum tempo, todos os dias. As plantas regadas pelo conteúdo dessas garrafas cresciam muito melhor que as que recebiam de outras garrafas não energizadas. Já os pacientes que receberam a garrafa “carregada” energeticamente, foram curados. Um jeito fácil de energizar a água para o gosto tanto quanto para a saúde é deixar a garrafa cheia diretamente sob a luz do sol por uma hora ou mais, como as pessoas que tomam banho de sol.

Os kahunas dão uma importância vital a dieta, por acreditarem que os alimentos que ingerimos refletem nosso estado de espírito. Apesar de não seguirem uma dieta especial, eles recomendam que comamos muitas frutas frescas, legumes e vegetais crus, por conterem mais mana. Eles não acreditam que a falta de vitaminas e minerais no corpo de uma pessoa seja causada por uma dieta inadequada, mas por certos tipos de pensamento que resultam num desequilíbrio no metabolismo do corpo. O uso de suplementos ajuda a restaurar o equilíbrio do corpo temporariamente, o que pelo menos dá ao indivíduo a oportunidade de melhorar seus pensamentos. Os kahunas ensinam que quanto mais saudável estiver sua mente, mas capaz você será de gerar por si próprio todas as vitaminas e minerais necessários, seja qual for sua dieta.

Diferente do pensamento ocidental de que a dieta ajuda controlar o peso, os kahunas estão mais preocupados com a atitude do indivíduo em relação a si próprio e seu peso, e se esse peso interfere em sua capacidade de viver efetivamente. Não há problema nenhum em ter uns quilos a mais ou a menos, para eles: tais termos só fazem sentido em relação a algum padrão social arbitrário. Uma pessoa gorda pode ser tão feliz e saudável quanto uma magra. Não é o peso em si que importa, e sim o possível uso do peso para uma autopunição, ou desculpa para evitar relacionamentos, uma substituição por afeição, supressão de expressão emocional, etc. Na visão kahuna o estado de excesso ou falta de peso segundo padrões sociais não é uma coisa a ser tratada, a menos que seja um sintoma de conflito interior. São o pensamento e comportamento que devem receber mais atenção. Isso sendo cuidado, o corpo se ajusta.

Apesar do jejum não fazer parte da tradição Huna, alguns kahunas utilizam este método. Normalmente o corpo opera com a energia suprida pelos alimentos e o ar que ele recebe diariamente. No jejum o corpo deve começar a operar com suas próprias reservas de energia. Estas geralmente são gordura e proteína armazenada, mas a energia também é guardada na forma de tensão muscular crônica. Durante o jejum, essa energia tensionada é ativada para operar no corpo, também. Como são intimamente ligadas aos conflitos de crenças, as áreas de tensão virão à tona à medida que a energia for utilizada e a tensão aliviada. Isso costuma se acompanhado por uma liberação emocional catártica e pela dramática eliminação de sintomas de doenças. O jejum, usado como ferramenta, não é feito para a “purificação” do corpo, mas como meio de expor e drenar a energia de complexos profundamente arraigados. Mesmo assim, ele é só um passo no processo de tratamento, pois, sem uma mudança no modo de pensar, os benefícios do jejum serão temporários. Essa visão do jejum pelos kahunas é única.

O ritual tem uma importância na maioria das práticas de cura, tanto para os kahunas quanto pelos médicos modernos. O “curandeiro” inclui tudo numa sessão de cura que não tenha um efeito direto na melhora do paciente, mas que sirva para convencê-lo de que a pessoa indicada está ali fazendo a coisa certa. Para os kahunas o ritual também pode ser empregado pelo curandeiro para convencer o seu próprio subconsciente de que ele tem o poder de curar.

Os objetos que os a kahunas consideram fortes fontes de mana são frequentemente usados, pois sua introdução no corpo do paciente costuma aliviar tensão e, portanto, os sintomas. Os kahunas têm o poder de energizar um determinado objeto com o seu próprio mana. Entretanto, eles também usam fontes naturais de mana, como cristais e pedras, certas madeiras, e locais de poder onde o mana é mais abundante.

Certamente é impossível separar completamente o efeito direto dos medicamentos, dieta e objetos energizados da reação do paciente ao ambiente e ao ritual, e a autoridade do curandeiro; mas os kahunas não se interessam por essas distinções desde que haja um efeito benéfico. Esse é um ponto de diferença radical entre a abordagem kahuna de cura e as modernas abordagens ocidentais. Já os praticantes ortodoxos ocidentais são propensos a descartar ou proibir qualquer método de tratamento que não se encaixe numa gama relativamente estreita de aceitabilidade. Naturalmente, uma visão assim limita drasticamente os tipos de tratamento aceitos e permitidos. Isso até faz sentido quando uma forma específica de tratamento representa perigo real para o paciente, mas muitos métodos proibidos não se encaixam nessa categoria. Tais métodos foram banidos e muitos são fechados por não ser nenhum pouco ortodoxa, pois lá não fazem cirurgias nem prescrevem drogas. Em contraste, os kahunas usam qualquer método que funcione, desde que os efeitos colaterais não sejam sérios. Sua ênfase é o resultado e eles sabem que os métodos são sempre secundários às crenças.

Apesar do hábil tratamento e das melhores intenções, muitas tentativas de cura falham ou são apenas temporárias. Mas, para os kahunas, a única razão subjacente a todas as outras na falha do tratamento é que não houve uma mudança nos hábitos de pensamento por parte do paciente. Isso é visto não como uma falha, mas como um fato. Métodos melhores podem ajudar ou não, mas nada acontecerá, independentemente do método, se o modo de pensar do paciente não for mudado. Os kahunas mencionam diversos motivos pelos quais o paciente pode não estar disposto a fazer a mudança.

O primeiro motivo pode ser nomeado de “resistência custo-benefício”. Isso ocorre quando o paciente afirma ter um desejo de ser curado, mas está recebendo benefícios psicológicos, emocionais ou físicos existentes, que superam, na visão dele, os benefícios de uma suposta cura. Em outras palavras, o custo da cura incluirá abandonar os atuais benefícios da condição, e o paciente não está disposto, consciente ou inconscientemente, a fazer esse sacrifício. Caberia ao terapeuta ou curandeiro convencer o paciente de que ele teria mais benefícios com a mudança do que persistir no presente estado, embora em alguns caso seja o subconsciente (ku) do paciente ser convencido.

Outro motivo é a falta de segurança no curandeiro ou no método de tratamento utilizado. O ceticismo de uma mente aberta não costuma ser problema, desde que o curandeiro tenha fé em si mesmo e no que está fazendo. Mas medo e desconfiança por parte do paciente, se persistidos, resultarão no máximo em um efeito temporário. A habilidade do terapeuta ou curandeiro é sem dúvida um fator importante nesse tipo de falha no tratamento, mas os kahunas insistem que não é o fator determinante, pois a fonte do medo e da desconfiança do paciente pode não ter nada a ver com a capacidade do terapeuta.

O motivo marcante para a falha no tratamento é a falta de atenção aos aspectos da condição. Quando só os sintomas são tratados e não há mudança correspondente nas atitudes do paciente, o alívio é sempre temporário. Para os kahunas, os médicos ocidentais, em sua grande maioria, tratam os sintomas como entidades diferentes, enquanto a causa subjacente é a mesma. Os chamados “curandeiros da fé” enfrentam o mesmo problema. A verdadeira cura pela fé é uma cura de crenças; e quando isso acontece, a cura é permanente. A maior parte das coisas feitas em nome da fé, porém, não passa de manipulação de energia. Quando a energia é suficientemente intensa, como num encontro de renovação carismática, resultados espetaculares podem ocorrer. Entretanto, se horas, dias ou semanas depois, se o pensamento do indivíduo não mudou permanentemente, a energia é dissipada e o velho sintoma retorna. Como muitas vezes os sintomas são expressões de atitudes, alguns são os resultados de atitudes em relação a outras pessoas; e na presença delas os sintomas podem ser agravados. Por essa razão, sempre que possível os kahunas incluem a família, amigos e inimigos no tratamento, mesmo que seja só na imaginação.

Porém, quando o Eu Superior do indivíduo resolve abandonar a vida material, nada mais pode ser feito, exceto aliviar os sintomas. Entretanto, ninguém mais pode saber se essa decisão foi tomada irrevogavelmente; portanto os kahunas acham relevante continuar o tratamento enquanto o paciente estiver disposto e for capaz de recebe-lo. Eles não acreditam na idéia de “interferência cármica”. Alguns curandeiros se preocupam por estar interferindo no carma da pessoa, ou o seu destino preestabelecido, se insistirem na cura, e costumam achar que essa é a causa da dificuldade na cura. Os kahunas consideram a dificuldade um desafio. A palavra deles para destino é hopena, que significa “o resultado do que aconteceu antes”. Para eles, isso significa você criar a sua realidade. Se você é um curandeiro e há uma pessoa na sua vida que precisa de cura, você faz parte do destino deste indivíduo, e ele do seu. Como o destino não é preestabelecio, de acordo com os kahunas, você não pode interferir nele no sentido de obstruí-lo, mas pode muda-lo desde que todas as partes envolvidas concordem, até certo ponto, com a mudança.

Até o momento o elemento mais importante na cura kahuna não foi mencionado. É o eu-deus (aumakua). Toda cura, na visão kahuna, na verdade nada mais é do que o resultado de uma comunhão natural com o aumakua, ou permitir que sua fonte de energia flua livremente ao longo do padrão original no corpo etéreo (aka). Doença e distorção de qualquer espécie resultam da interferência nesse fluxo. A cura mais direta do corpo, da mente e das circunstâncias vem quando você envolve o aumakua em sua vida diária e nos pensamentos, de maneira que inspire amor e confiança. A prática de amor que inclui a experiência de partilhar alegria, é o modo de tornar essa união materialmente efetiva. A alegria gera vida e é expansiva, e quando faz parte de sua vida, automaticamente libera tensão e age como um convite para que o Eu Superior se torne um parceiro total na manifestação da saúde, felicidade e realização. Como ensinam os kahunas, a cooperação jovial com o “deus em tudo” é o melhor remédio para todos os males, a melhor solução de todos os problemas, o melhor meio de alcançar a realização pessoal. Fazer isso, porém, requer um comprometimento de se lembrar constantemente da presença de Deus em todas as pessoas, lugares, coisas e situações.

Kia’ola!

Serge Kahili King