Desde que comecei a percorrer o Caminho Sagrado do Xamanismo, passei a considerar o Vodu mais sagrado e solene do que julgava anteriormente. O nome Vodu é derivado do termo vodun, e significa Deus ou Espíritos. Mais do que uma religião o Vodu é um misticismo, uma cultura, uma filosofia, um modo de vida. E por ser uma religião viva e dinâmica, a qual, em vez de ser dogmática – como são a maioria das religiões ocidentais – baseia-se em princípios iniciatórios e metafísicos, é impossível descrever o Vodu na linguagem do dia-a-dia. podemos apenas vivenciá-lo.
Na cosmologia do Vodu, o mundo invisível está ao redor de nós, entre nós, entre mundos. Esse mundo é um reflexo do nosso mundo visível. Os habitantes têm as mesma necessidades e paixões que nós temos. Ele é habitado pelas “almas” dos mortos e por um número infinito de Loas, que são os habitantes originais deste mundo. Às vêzes chamados de espíritos ou anjos, os Loas são energias ou entidades que se tornaram divinas. Eles são divididos em diferentes famílias, grupos e sub-grupos. Alguns têm um grande poder.
Os Loas estão disponíveis para os seres humanos para agir como guias no mundo invisível e servir de intermediários com o mundo invisível. Geralmente não são intrisicamente bons nem maus e podem ser usados tanto para o bem quanto para o mal. Devemos enfatizar que o Vodu é uma religião (xamanista) em busca do sagrado, ela utiliza a força cósmica somente de uma maneira positiva, e os Loas nunca são usados com um propósito maligno.
O Loas detentores de maior poder são originários das tradições africanas, sobretudo dos iorubás, cujas culturas igualava em sofisticação e poder às “grandes civilizações” com as quais os ocidentais estão familiarizados. Esses Loas estão ligados aos elementos da natureza. Um deles é o pai protetor das principais entradas, umbrais e passagens; outro é a energia da fecundidade, simbolizado por uma serpente; outro o senhor das encruzilhadas; outro, a energia da guerra, simbolizado por um pedaço de ferro. Outros são a energia do trovão e do relâmpago, a energia da paixão e do sexo, a energia do mar (simbolizado por um barco) e os guardiões dos mortos, cujo chefe é o Bravo, simbolizado por uma cruz ou um túmulo.
Wagner Frota