Napaykuna!
Os xamãs percebem a forma espiritual da doença, que pode se manifestar em um nível emocional ou físico. Muitas culturas xamânicas em todo o mundo consideram a doença como resultado da perda da alma.
Sempre que sofremos um trauma emocional ou físico, uma parte de nossa alma escapa do corpo para sobreviver à experiência. A alma é nossa essência, nossa força vital, a parte de nossa vitalidade que nos mantém vivos e em evolução.
Os tipos de trauma que podem causar perda de alma em nossa cultura seriam qualquer tipo de abuso sexual, físico ou emocional. Outras causas podem ser um acidente, estar em guerra, ser vítima de um ato terrorista, agir contra os nossos princípios, estar em um desastre natural (incêndio, furacão, terremoto, tornado, etc.) submetido a cirurgia, o divórcio ou morte de um ente querido.
Qualquer evento que cause um choque pode causar perda de alma. E o que pode causar perda de alma em uma pessoa pode não causar em outra.
É importante entender que a perda da alma é uma coisa boa que acontece conosco. É assim que sobrevivemos à dor. Se eu sofresse um acidente de carro, o último lugar que gostaria de estar no impacto seria no meu corpo. Minha psique não aguentava esse tipo de dor. Portanto, nossa psique tem esse mecanismo de autoproteção em que uma parte de nossa essência ou alma deixa o corpo para que não sintamos todo o impacto da dor.
Em psicologia, isso é chamado de dissociação. Mas em psicologia não se diz o que está dissociado e para onde vai essa parte. No xamanismo sabemos que uma parte da alma deixa o corpo e vai para um território de realidade não comum, para o mundo de baixo, para a Mãe Terra, onde se sente protegida e espera até que alguém intervenha no reino espiritual e facilite seu retorno.
Embora a perda da alma seja um mecanismo de sobrevivência, o problema do ponto de vista xamânico é que a parte da alma que escapa não retorna por si mesma. A alma não sabe que o trauma acabou e que pode ser seguro retornar.
Munay,
Wagner