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Coca, a Planta Sagrada dos Andes

Sua história remonta mais de 5 mil anos. Nos antigos enterros, nos “diz” a arqueologia, os mortos levavam consigo um monte de folhas de Coca para a viagem para a vida além da morte. Mas a importância da Coca chega até nossos dias porque cumpre múltiplas funções na Cida social do homem andino. Os camponeses levam sempre consigo uma “chuspa” (bolsa) a tira colo repleta de folhas. Ao encontrar um outro irmão andino trocam as bolsas e cada um se serve das folhas de Coca do outro. É cortês.

Apesar da popularidade que ganhou o mate de coca, é mastigando as folhas que retiramos o seu suco. Na realidade, não se mastiga, se depositam em um lado da boca para que mesclada com a saliva produza seus efeitos sanadores. As folhas curam dores de dentes e de garganta, ajudam na digestão e tem alto índice das vitaminas A, B, E e D, como também cálcio, nitrogênio, magnésio, sódio, alumínio, ferro, entre outros.. Além disso, produz uma sensação de vigor e aclara os pensamentos com um efeito parecido com um de um xícara de café. Poucos sabem também que tira a fome e a sede, razão pela qual é ideal para longas caminhadas nas montanhas andinas, e como essas trilhas são de árduas subidas e descidas é um excelente adaptador do corpo as mudanças de altitude, o que é muito bom para os estrangeiros que vão conhecer os Andes.

Contudo, as vantagens fisiológica de “piqchar” ou “chaqchar” (ação de mastigar em Quéchua) são só um aspecto desta maravilhosa planta, que nunca estará ausente em qualquer invocação ou oferenda que se faça. Por exemplo: Os camponeses sempre buscam três folhas inteiras e bonitas. Tomam-nas com ambas as mãos, sopram sobre o “kintu” (assim se chama esta triologia de folhas) para saudar as montanhas (Apu) e logo comungam dizendo “hallpasunchis”.

A folha de Coca também serve para ler a sorte. Os “Maestros” jogam as folhas sobre uma manta tecida para este fim (unkhuña), e de acordo como as folhas caem e a maneira que se comunicam entre elas são capazes de ler o futuro. Neste rito, o lado verde escuro é o positivo, o ativo, e o verde claro o negativo, o receptivo. A leitura de folhas de Coca é um assunto certamente mais complexo do que este, embora não seja difícil encontrar homens e mulheres nas ruas de Cusco que podem aclarar nossa situação ou a razão de nossos problemas com algumas folhas de Coca. Isso é certo. Mas como tudo dentro do xamanismo, aconselhamos pesquisar onde se encontram verdadeiros mestres da leitura das “Hojas de Coca”.

Para o povo andino, antes de tudo, as folha de Coca é um legado deixado por seus ancestrais, fazendo com que esta planta faça parte da identidade dos povos andinos até os nossos dias. Por isso é que a sagrada “Hoja de Coca” se converte no alimento central e espiritual das comunidades nos Andes.

Wagner Frota