Ayahuaska é uma palavra do dialeto Quéchua que significa “Vinha da Morte”, também conhecida por Yagé, Runipan, Natem e ultimamente como Daime.
A fonte de informação do yagé, um caldo feito com a mítica casca da ayahuaska, um cipó chamado cientificamente de Banisteriopsis caapi, e das folhas da espécie psyclotria, deve-se ao ayahuaskero, o xamã da selva, a quem os métodos de sua preparação e a condução dos rituais foram transmitidas por gerações passadas. Os xamãs amazônicos utilizam-se dela em cerimônias de cura e práticas adivinhatórias.
O uso da ayahuaska leva a visões e imagens, além de experiências telepáticas. Ela é chamada de Vinha da Morte, porque ela supostamente leva as pessoas até os portais da morte, e as trazem de volta. O uso da planta e o ritual para fins visionários parece estar enraizados na pré-história da América do Sul.
O yagé geralmente é fervido e posto numa cuia. O líquido é grosso, cor de sopa de cogumelos misturada com suco de beterraba e cenoura, e exala um forte odor ocre; bem diferente da erva de San Pedro que tem cheiro de anís.
Então o xamã fuma um cachimbo com um fumo picante, solta baforadas em cima do yagé, antes de beber. Quando se bebe, sente-se um gosto de sopa azeda fria de cogumelos, de consistência leitosa e com um gosto amargo. Pode-se sentir o líquido descer, envolvendo nossas entranhas.
Ela tem a chave para abrir as portas da nossa consciência, levando-nos a penetrar em estados alterados de consciência, fazendo com que conservemos toda noção do que se passa ao nosso redor. Segundo Alex Polari de Alverga, essa bebida sagrada ajusta e o reorienta o nosso sistema nervoso, os meridianos e as energias internas que controlam a nossa conexão entre Alma, Corpo e Espírito.
Além de nos mostrar o mundo oculto atrás do mundo, fazendo com que tenhamos acesso a um conhecimento há muito tempo esquecido, ela também é purgativa e depurativa.
Segundo os xamãs peruanos, o Jaguar é o espírito da ayahuaska, e segundo eles, é muito importante na experiência não deixar-se seduzir pela ayahuasca e sim procurar ser um espectador que assiste ao ritual. Surge então um grande dilema: “Viver a experiência ou servir à experiência”.
No sentido mítico o Ayahuaska nos leva de encontro a morte, é o lugar do Oeste na Roda da Medicina é onde deparamos com a morte e somos levados por ela.
A Ayahuaska, como qualquer remédio sagrado, é o ponto indicador onde o caminho se ramifica: ajuda-nos a percorrer nossa trilha, mas pode ser inútil e até perigoso, se não estivermos prontos a aceitar a jornada. Ela é considerada um atalho, mas não é um caminho para curiosos e aventureiros, é uma trilha que é cuidadosamente desmastada pelo xamã amazônico.
Wagner Frota